Marcas de vida

Dia de Primavera, numa qualquer praia do Norte, um grupo de teenagers.
Conversas lights, de primavera, claro.
Muita piada, muita gargalhada, muito tempo pela fente.


- Meninos, está na hora de arrumar.
- Oh não, mas eu acabei de sair do banho, ainda estou toda molhada.
- Vais assim, mesmo!
- Epá miúda, tira isso e veste-te!
- E se fossemos dar um voltinha de moto, para te secares.

Na cabeça da miúda, aquela frase martelava como se fosse a ideia mais genial que alguma vez tivesse ouvido. Para além de secar o bikini, o seu objectivo nr.2, iria directamente ao âmago do objectivo nr.1. Provocar ciumeira no galã da época, que estava difícil de atingir.
- Bora lá - responde!
E lá foi o par, bamboleando-se. Orgulhosos na atitude e nos gestos.
O resto do grupo só comentava e ria entredentes. Mas fez sensação.
Quando regressaram tudo se encontrava arrumado, toalhas enroladas, sacos e mochilas a postos, capacetes no braço. Ela de bikini seco mas.... um braço todo arranhado e ensaguentado.
- Opá, apanhei areia no piso e derrapei. Ela caiu! Nada de muito grave, mas é preciso desinfectar - diz o "herói do asfalto".



Há marcas que ficam para toda uma vida. A partir desse dia, sou uma "miúda" low-profile e tenho uma cicatriz abaixo do cotovelo.